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Petrobrás (I) – Preços e Lucros na Penumbra

Dercio Garcia Munhoz, Economista

O Brasil, no grupo dos 15 maiores produtores mundiais de petróleo, do qual faz parte, figura dentre aqueles com menores custos de produção – US$ 4,60/barril no Pré-sal (nivelando-se à Arábia Saudita, Emirados Árabes e Estados Unidos), e R$ 6,60/barril na média nacional. Mas paradoxalmente é onde se pratica, no nucleo, os mais elevados preços para o consumidor; no caso da gasolina tem o 12º. maior preço, dentre os 15; maior inclusive que nos Estados Unidos, e superados (novembro 2021) apenas na China, Canadá e Noruega. Os preços, no Brasil, são tão absurdos que equivalem a mais que o dobro daqueles pagos internamente em sete dos 15 maiores produtores mundiais de petróleo.

02 – O diferencial dos preços não se explica pelos impostos (que, como outros custos ex-refinarias são ad-valorem, refletindo o valor-base praticados pela petroleira). Mas sim porque a Petrobrás, distanciando-se da premissa que uma estatal estratégica deveria observar (custos + remuneração do capital que permita reinvestimentos), fixa os preços internos com base nos preços internacionais do petróleo – que agregam. dentre outros itens, fretes marítimos e rodoviários, despesas portuárias e seguros. Prática abusiva que os números revelam distante da orientação dos governos na grande maioria dos demais produtores top.

03 – Aqui o governo acolhe e acoberta uma decisão esdrúxula, de órgãos da administração e dirigentes da empresa fora do mundo real, fundada em inconcebível ficção, considerando como se as refinarias locais estivessem recebendo o petróleo não dos excepcionalmente produtivos poços das Bacias de Campos, Santos ou alhures, próximas, mas sim do distante Oriente Médio, da Rússia, do Golfo do México ou dos desertos do Texas. Gerando, com a falseta, lucros inconcebíveis, dividendos inimagináveis, ganhos fantásticos para os Governos federal, estaduais e alguns municípios. E, the last and most important, efeitos devastadores para o país.

-dgm./16.04.2022

Incertezas Que Rondam as Economias Mundial e Brasileira

                                                   Jornal dos Economistas,  Corecon/Sindicon, Rio de Janeiro,  n. 361, Set. 2019,  p. 10-12.

Incertezas Que Rondam as Economias Mundial e Brasileira

                                                 Dercio Garcia Munhoz. Economista Emérito pelo Corecon-DF. Foi
                                                  Professor Titular de Economia da UNB. Ex-Presidente do Conselho
                                                     Federal de Economia e do Conselho Nacional da Previdência Social

As duas primeiras décadas no Século XXI registram modificações profundas na economia mundial, com reflexos tão amplos que avançaram no sentido de provocar alterações no equilíbrio global de poder econômico e político mundial, por mais de um século sob tutela americana. .

O fato inusitado observado mais recentemente foi proporcionado pela economia chinesa, que a partir dos primeiros anos do Século XXI passou a registrar um fenômeno extraordinário, quantitativo e qualitativo, tanto  no seio da própria economia como nas relações econômicas com o resto do mundo.  No aspecto quantitativo se destaca não apenas um crescimento do PIB real superior a 10,0% ao ano, uma vez que esse dinamismo já se verificava desde as duas ultimas décadas do Século XX;  a novidade é que o aumento da produção passara a incorporar mudanças estruturais na produção, com destaque absoluto para industrias tecnologicamente avançados. E paralelamente à presença marcante da industria de maquinas na arrancada produtiva, ocorre outro fato de extrema relevância, que foi o crescimento das exportações ligadas à nova matriz industrial  em todas as direções, e mais enfaticamente  para o mercado americano. (mais…)